✎ Por Mayara Gonçalves
Se você assistia a Supernatural, deve lembrar que toda recapitulação de temporada ou nova temporada começava assim... Pois bem!
A estrada até aqui!
Durante 2023 estive ausente por alguns meses do Fala, Prô! por questões pessoais. Afinal, o sistema no qual estamos inseridos não perdoa ninguém. Na maior parte do tempo minha cabeça esteve no trabalho que desempenho fora do contexto do nosso blog e nas minhas relações. Além disso, cortei um dobrado (que ainda está em curso) para lidar em terapia com as dores psíquicas, síndrome de impostora e rejeições de todos os tipos - bastante reforçadas diariamente pela nossa estrutura social capacitista, com a qual lido desde a infância.
Durante boa parte do ano, simplesmente senti que fiz tudo, mas não adiantou nada. Porque ainda estou no mesmo ponto - muito mais calejada, mas ainda assim no mesmo ponto. Sinceramente, não há nada pior do que se saber boa no que faz e em como se relaciona com o mundo e com as pessoas, mas simplesmente se sentir travada no mesmo contexto, na mesma rotina e realidade que te adoece. Quão desafiador é ter que lidar com o tempo que as coisas demoram para mudar. Porque, diferente daquilo que hoje somos levados a acreditar, certas coisas não dependem só de amor, esforço, genialidade e grandes números. No lugar disso, a vida em si precisa de muita paciência, choro, terapia, espera, força para cortar aquilo que não faz mais sentido e uma pitada certeira do famoso QI (Quem Indica).
Entretanto, ainda estou aqui lutando, tentando achar paz em meio ao caos. Sei que há muito o que fazer, o que resolver na minha vida pessoal e profissional, mas só pensar no não feito é o que me deixa maluca. Então hoje vamos falar do feito. Do feito que sempre me salva e me ajuda a respirar melhor: minhas viagens de férias. Ao escrever essas ultimas palavras, minha cabeça na realidade está assim:
"Meu Deus, só você sabe como eu queria ser rica para tirar um ano sabático, casar com meu noivo e montar minha vida em um lugar lá longe, mais acessível e feliz, com outro rítmo de vida e sem me importar com os problemas que não são meus!"
O problema é que eu não vou ser rica e nem tirar um ano sabático porque estamos no capitalismo selvagem ainda, onde eu sou só um peão que será descartado a qualquer momento. Ninguém se tocou que esse sistema é uma merda e, por isso, vou ter que trocar a roda desse carro com ele andando de novo. Então bora lá! Se dar conta de todo esse caos e ainda assim ver sentido em fazer algo para tentar sair dele é um desafio. Se dar conta de que certas dores sempre vão existir e que vamos senti-las independente do que façamos, também é. Por isso, durante esse ano aprendi que essa minha paixão por viagens talvez seja uma busca, já em curso, por esse lugar de paz. Essa minha paixão por viagens não sou só eu levando minha tristeza, frustrações e não feitos para passear, mas sim eu abrindo minhas próprias portas.